Nascido Lev Samoylovich em 27 de Abril de 1866, Leon Bakst foi um pintor, cenógrafo e figurinista russo.

Bakst nasceu em um família judia de classe média na Rússia czarista. Seu avô era um alfaiate de grande renome e ganhou de presente do Czar uma grande casa em São Petersburgo que impressionou muito Bakst, e por isso, mesmo depois de sua família ter se mudado da cidade, ele continuou a visitar seu avô e sua casa todos os sábados.
Aos 12 anos, ganhou um concurso de desenho e decidiu tornar-se pintor, contrariando o desejo de seus pais.
Após se formar no ensino fundamental e, mesmo tendo falhado no seu exame admissional, Bakst começou a cursar a “Academia de Artes de São Petersburgo” como aluno sem crédito até seu segundo ano, em 1883, quando conseguiu passar no exame em sua segunda tentativa.
Na academia, conheceu e tornou-se amigo do artista Valentin Serov, uma amizade que duraria até sua morte.
Ainda na academia, inscreveu em um de seus concursos um trabalho sobre a Pietà em que era possível ver imagens de Maria retratada com olhos vermelhos de choro e dos discípulos de Jesus como judeus pobres. As autoridades da escola ficaram escandalizadas e o desqualificaram.
Nessa mesma época, ele também começou a trabalhar como ilustrador de livros e revistas.
Apesar de ter orgulho das origens judias da sua família, Bakst viveu em um período da história em que havia uma onda de anti-semitismo na Rússia. Acredita-se que o motivo para Bakst ter mudado seu nome de Rosenberg, um nome judeu, para Bakst, o nome de solteiro de sua mãe, foi por receio que o nome de origem judia fosse lhe atrapalhar nos negócios.
No começo dos anos 1890, Bakst passou a expor seus trabalhos junto a Sociedade de Aquarelistas.
Entre os anos de 1893 e 1897, viveu em Paris, onde passou a estudar na Academia Julian, e, mesmo apesar da distância, não deixou de visitar São Petersburgo regularmente.
Depois do meio da década de 1890, Bakst tornou-se membro do grupo conhecido como “Nevsky Pickwickians”. Era um grupo de artistas, escritores e figuras da sociedade ligadas às artes que possibilitou que Bakst se relacionasse com duas pessoas importantes para sua vida profissional, o empresário Sergei Diaghilev e o artista Alexander Benois. Ambos eram conhecidos como os responsáveis pelo movimento artístico “Mir Iskusstva”(“Mundo das Artes” em português) e pela criação da revista de arte de mesmo nome. Nessa revista, Bakst ficou responsável por ajudar na parte gráfica, trabalho que lhe trouxe muito sucesso e fama.

Em 1898, ele expôs seus trabalhos na exposição “Primeira Exposição de Artistas Russos e Finlandeses”, organizada por Diaghilev, e em exposições do “Mundo das Artes”, da “Secessão de Munique”, da “União dos Artistas Russos”, entre outras.
Também trabalhou com retratos de pessoas como o pintor russo Filipp Malyavin, em 1899, o escritor e filósofo Vasily Rozanov, em 1901, o escritor e poeta Andrei Bely, em 1905, e a escritora e poeta Zinaida Gippius, em 1906.
Outro emprego que exerceu na época foi o de professor de artes para as crianças da família do Grande Duque Vladimir Alexandrovich da Rússia.
Em 1902, Bakst aceitou a encomenda feita pelo Czar Nicolau II de fazer pinturas sobre uma reunião entre o almirante Avellan e marinheiros russos, que aconteceu em Paris. Ele começou a obra durante as comemorações de 17 à 25 de Outubro daquele ano, e só conseguiu terminá-la 8 anos depois.
Durantes as revoluções russas de 1905, Bakst trabalhou para as revistas Zhupel, Adskaja, Pochta, Satyricon e Apollon.
Em 1908, Bakst começou a trabalhar com a mídia que lhe rendeu mais sucesso, o design de cenários e figurinos de balés.
Em 1909, se envolveu no design de sets para algumas tragédias gregas.
Foi com a companhia de dança de seu amigo Diaghilev, a companhia “Ballets Russes”(“Balés Russos” em português), que Bakst conseguiu renome internacional. Ele se envolveu com a produção do palco e do figurino de balés como Cleópatra, em 1909, Scheherazade, em 1910, Carnaval, em 1910, Narcisse, em 1911, Le Spectre de la Rose, em 1911, L’après-midi d’un faune, em 1912 e Daphnis et Chloé, em 1912.
Foi através dos Ballets Russes que Bakst conheceu duas de suas mais importantes amigas, as bailarinas Anna Pavlova e Ida Rubinstein. Ambas acabaram abrindo suas próprias companhias de dança e convidaram Bakst para trabalhar com elas.
Durante esse período, Bakst viveu no leste europeu por causa do decreto russo que não permitia que judeus vivessem permanentemente fora da zona de assentamento, que era demarcada em parte do território russo e parte de alguns países do leste europeu.
Ele pôde visitar São Petersburgo e dar aulas de pintura na escola “Zvantseva School of Drawing” (“Escola de Desenho da Zvantseva” em português), da pintora e professora de artes Elizaveta Zvantseva. Um de seus alunos favoritos era o pintor Marc Chagall, que, segundo Bakst, era um bom aluno que escutava atentamente as instruções das lições propostas, e assim que pegava as tintas e pincel, fazia algo completamente diferente.
Durante o período conhecido como Art Déco, era muito comum entre as famílias britânicas que encomendassem quadros para ornarem suas casas. E, apesar de ser mais conhecido por seus trabalhos para os palcos de balé, Bakst foi contratado para trabalhar pintando obras como a história da Bela Adormecida, encomendada em 1913 para a mansão “Waddesdon” de James e Dorothy de Rothschild, no condado de Buckinghamshire, na Inglaterra.
Em 1914, tornou-se membro da “Academia Imperial de Artes”.
Também em 1914, Bakst conheceu a filantropa connoisseur de arte americana Alice Warder Gerrett em Paris enquanto ela acompanhava seu esposo diplomata na Europa. Os dois tornaram-se amigos rapidamente, e Bakst passou a tratá-la como uma confidente e agente.
Quando os Gerretts voltaram para os EUA em 1920, a senhora Gerrett tornou-se a representante de Bakst lá. Ela organizou duas exposições na “Galeria Knoedler”, em Nova York, e também em algumas exposições itinerantes.
Voltando para Baltimore onde a família Gerrett possuía uma mansão chamada “Evergreen”, Bakst decorou a sua sala de jantar usando uma combinação de amarelo ácido com vermelho chinês. Ele também transformou o pequeno ginásio da propriedade em um pequeno teatro particular colorido e moderno. Acredita-se que esse foi o único teatro particular no qual Bakst trabalhou.
Em 1922, Bakst terminou sua amizade com Diaghilev e os “Ballets Russes”.
Logo após ter desenhado o figurino da peça de balé “Jeux”, da companhia “Ballets Russes”, Bakst colaborou com a casa de costura Paquin, da estilista Jeanne Paquin, em 1913, e desde então passou a se envolver com vestidos e produções têxteis até o fim de sua vida. Ele frequentemente usava motivos orientais, neo-clássicos e estéticas étnicas russas em suas obras.
Devido à sua educação artística simbolista, gosto pessoal e circunstâncias financeiras, Bakst não realizou o seu sonho de vestir a mulher do futuro dentro do mundo comercial da alta costura. Ao invés disso, suas roupas feitas durante o período da I Guerra Mundial até sua morte, eram criadas como peças únicas para um grupo seleto de mulheres extravagantes e muito ricas.
Ainda assim, Bakst foi um grande defensor da modernidade, do fenômeno da moda e do conceito da nova e emancipada mulher.
Ele faleceu no dia 27 de Dezembro de 1924 em uma clínica em Rueil Malmaison, perto de Paris, de um edema pulmonar.
No dia do seu enterro, familiares, amigos e diversos admiradores, entre eles os mais famosos artistas, escritores, críticos , poetas, músicos e dançarinos de sua época, formaram uma grande e comovente procissão que acompanhou o corpo até seu túmulo.

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Bibliografia: Callan, Georgina O’Hara; Enciclopédia da moda de 1840 à década de 90 / Georgina O’Hara Callan ; verbetes brasileiros Cynthia Garcia : tradução Glória Maria de Mello Carvalho, Maria Ignez França – São Paulo : Companhia das Letras, 2007.
https://www.euppublishing.com/doi/full/10.3366/cost.2017.0025
https://www.britannica.com/biography/Leon-Bakst