Para falar da história da meia arrastão é preciso antes falar da história da meia-calça.
O primeiro registro da meia-calça vem da mesopotâmia, onde era usada por soldados e era confeccionada em algodão e lã para manter o frio afastado, com uma costura na parte de trás que facilitava a montaria dos soldados. Até então, a meia calça era usada somente por necessidade.
O início da meia calça.
A partir do século XIV, a meia calça começou a ser usada como peça do vestuário que esbanjava riqueza e poder. Ela passou a ser usada pelos homens nobres europeus, que competiam pelos melhores bordados e materiais.
Em meados do século XVIII, as meias começaram a ser produzidas em rayon e seda, materiais delicados demais para o uso masculino. Aos poucos, a meia passou a deixar de ser parte do vestuário masculino e passou para o feminino.
O surgimento da meia arrastão veio no século XIX e o seu primeiro impacto veio com as dançarinas de cancan na França. Para elas, a meia arrastão era muito melhor do que as até então meia-calças comuns, já que elas permitiam que seus corpos transpirassem melhor e que seus movimentos fossem mais soltos.
Dançarinas de Cancan.
Apesar do sucesso com as dançarinas, entre a população comum da época, as meias arrastão foram consideradas de extremo mal gosto, pois mostravam partes da pele que não deveriam ser expostas por mulheres de bons modos.
A primeira releitura da meia arrastão foi apresentada pela moda pin-up dos anos 1940 e 1950. E dessa vez, apesar de ainda ir contra as convenções da época, a meia arrastão acabou se tornando um grande sucesso.
Marilyn Monroe no filme Nunca Fui santa, de 1956.
Pin up por Peter Driben, anos 1950.
A próxima vez em que ela foi usada como parte de um guarda roupa transgressor foi com o movimento punk. Após o punk, ela reapareceu no meio mainstream nos anos 1980 com a cantora Madonna, que usava não só a meia arrastão, como tops arrastão também.
Lydia Lunch, musa do Punk New Wave, de meia arrastão, fotografada por Richard Kern.
Jovens punks em um show da banda Sex Pistols.
Madonna
Madonna
Desde então, a meia arrastão já não causa tanto choque. Ela ainda é revisitada e hoje em dia é comum especialmente no street style. Nas passarelas, é vista não só em forma de meia, mas como blusas, vestidos e outros.
Street Style da Paris Fashion Week, Outono de 2016.
Sobreposição arrastão (Fannie Schiavoni).
Sobreposição arrastão (Fannie Schiavoni).
Rihanna no VMA 2016.
Exemplo de arrastão (Proenza Schouler).
Exemplo de arrastão.
Exemplo de arrastão da marca A.F. Vandevorst.
Exemplo bem discreto de arrastão, da marca Maxmara.
Bibliografia: Callan, Georgina O’Hara; Enciclopédia da moda de 1840 à década de 90 / Georgina O’Hara Callan ; verbetes brasileiros Cynthia Garcia : tradução Glória Maria de Mello Carvalho, Maria Ignez França – São Paulo : Companhia das Letras, 2007.
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